
A manifestação percorre as ruas do Barreiro, levando a mensagem de luta a todo o lado.
Os operários da construção civil param as obras e juntam-se ao protesto. Praticamente toda a indústria e comércio estão parados!
As frentes dos manifestantes vêem-se sobretudo mulheres, a Maria Augusta, a Maria Ramalha, operárias têxteis e corticeiras, mas também costureiras e domésticas. Entre elas, porém, destaca-se uma figura franzina mas cheia de determinação, rapidamente promovida a porta-voz no contacto com o comércio ou com as obras. Maria Pintainha, pela sua coragem e espírito combativo, tornou-se um símbolo das mulheres barreirenses!
Ao princípio da tarde chegou um comboio com guardas-republicanos, vindos de Évora, capitaneados por Homero de Matos, o célebre Olho de Vidro, e logo depois, um comboio com militares de Setúbal.
De imediato começaram as perseguições, as correrias as à frente dos cavalos, os espancamentos, as prisões.
O Barreiro está em pé de guerra, ocupado militarmente!
A manifestação divide-se então em vários grupos, seguindo um deles para Alhos Vedros, formado por trabalhadores que moram nos arredores. Aí, irão conquistar a adesão do sector corticeiro e, numa acção espectacular, farão parar o comboio do Algarve.
No centro da vila, em pleno parque, um numeroso grupo protesta contra a invasão militar. O esbirro que comanda a guarda a cavalo, que entretanto cercara o parque, manda carregar…
O massacre parece iminente, mas, no frenesi, ao tentarem saltar os arbustos, alguns cavalos e guardas caem. Bestas animais e bestas humanas embrulham-se no chão, é a oportunidade para o pessoal fugir!
Barreiro, Uma História de Trabalho Resistência e luta
ARMANDO SOUSA TEIXEIRA
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